Biodiesel: da fritadeira para o camião do lixo
Cerca de 20 mil litros de combustível utilizado resultam de óleos alimentares
A utilização de biodiesel na frota de carros do lixo, no concelho de Sintra, atingiu em 2007 os 29 mil litros, cinco por cento do combustível utilizado para o milhão e meio de quilómetros que as 53 viaturas percorreram, escreve a Lusa.
Dos 567 mil litros de combustível utilizado pelas 53 viaturas, 20 mil resultam da produção de biodiesel através de Óleos Alimentares Utilizados (OAU), projecto inovador que a Higiene Pública Empresa Municipal (HPEM) de Sintra abraçou em 2003, com a colocação de oleões em diversas escolas do concelho de Sintra.
A recolha destes óleos nas cantinas das escolas do concelho e nos 23 oleões ao dispor da população permitiram, em 2007, a transformação de 37.370 litros de OAU em biodiesel na unidade fabril Diesel Base, em Setúbal.
Segundo o presidente do Conselho de Administração da HPEM, Rui Caetano, este projecto tem como objectivos «reduzir as emissões de gases com efeito estufa como o dióxido de carbono» e diminuir «a quantidade de óleos e gorduras nas águas residuais», não sendo por isso de estranhar que os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Sintra sejam um dos parceiros do projecto.
Mas a utilização de 20 mil litros de biodiesel na frota de carros de recolha de lixo não tem grande repercussão no orçamento desta empresa municipal que, em 2007, poupou 2.900 euros com esta operação, dado que, segundo Rui Caetano, «o biodiesel custa dez cêntimos a menos que o preço de venda ao público do gasóleo».
«O objectivo é um ganho ecológico sem custos e sempre são 20 mil litros de gasóleo que não são usados. Quanto mais óleo conseguirmos retirar menos gordura temos nas águas e quanto mais biodiesel utilizarmos mais diminuímos as emissões de dióxido de carbono», disse à Lusa, Rui Caetano.
Segundo este responsável, o biodiesel «é menos poluente que os combustíveis derivados do petróleo pois o dióxido de carbono que liberta é o equivalente àquele que os cereais receberam durante o seu tempo de vida».
«A base do petróleo em si é feita de carbono, logo, ao ser queimado é lógico que este seja libertado para o ar», explicou este engenheiro da HPEM.
No entanto, para Rui Caetano o biodiesel dificilmente poderá ser uma alternativa «em larga escala aos derivados do petróleo», dado que «a quantidade de óleo utilizado actualmente no mundo não é suficiente para a sua produção em grandes quantidades».
Para Rui Caetano, «o ideal seria produzir combustível a partir de lixo», lembrando o filme «O regresso ao Futuro», no qual o veículo conduzido pelo actor Michael J. Fox era movido a lixo. «Não é teoricamente impossível», adiantou, rindo-se, Rui Caetano.
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